Cada opção que fazemos ao comer pode revelar algo da nossa história
pessoal.
O ato de comer, portanto, acaba por
ser identificado como estilo de vida, identidade, personalidade. Nesse sentido,
é mais do que válida a máxima "você é o que você come"!
A maioria dos hábitos alimentares, comuns no dia-a-dia da gente, podem
nos ajudar a entender como andam nossas emoções.
Entenda o porquê:
Quando sentimos forte necessidade de comer carnes – e outros alimentos
que podemos rasgar, cortar e mastigar repetidas vezes –, é bem provável que
sentimentos associados à raiva, à irritação e ao stress estejam povoando nossa
mente. Porque isso acontece? As emoções associadas ao stress: medo,
insegurança, ansiedade, etc., ativam em nosso cérebro mecanismos muito
primitivos de proteção e defesa. Primitivos o suficiente para desencadear
reações primárias de ataque, como morder e rasgar, por exemplo.
Então, antes de entupir as artérias com gordura animal, é melhor avaliar
que fatores da vida estão gerando tanta raiva. No longo prazo, mudar a própria
vida dá mais trabalho do que devorar um churrasco mas os benefícios são
infinitamente maiores.
O desejo por comidas “à granel”, de pequeno tamanho, como pipoca, chips,
salgadinhos, castanhas, etc., pode estar associado à ansiedade. A ansiedade é
uma emoção que nos distraí. O cérebro ansioso perde capacidade de memorizar e
de aprender. A ansiedade compromete nossa atenção, nos impedindo de focar nas
tarefas que desempenhamos. Quando ansiosos, nos tornamos dispersos e inquietos.
O ato mecânico e repetitivo de pegar coisinhas pequeninas e levá-las à boca,
nos ajuda a manter o foco porque parte da energia mental, dispersa na
ansiedade, pode ser canalizada para a tarefa repetitiva. Além disso, o
exercício de triturar esse tipo de alimento(crocante), ajuda a dar vazão à
raiva que quase sempre acompanha a ansiedade.
O problema dessa estratégia é que coisinhas miúdas são comidas aos
montes: montes de calorias, montes de má-digestão…Identificar a origem da
ansiedade e tentar resolver o problema que a está gerando é a melhor solução!
Doces, balas, biscoitos recheados, alimentos coloridos, de forma geral,
podem ser a opção de quem está entediado. Um cérebro condenado à monotonia se
“desespera”. Nada é mais inadequado para o bom funcionamento do nosso cérebro
do que a rotina. A repetição exasperante dos mesmos estímulos, dia após dia,
destrói os neurônios até de um gênio, quanto mais de meros mortais. Manipular e
comer alimentos com cores e formatos variados oferece algum tipo de estímulo ao
cérebro tomado pelo fastio. É uma enrolação, mas tende a funcionar
momentaneamente. Não é à toa que nos espaços em que se realizam trabalhos burocráticos
– ou muito detalhados – o consumo desse tipo de alimento é sempre alto.
Bom, nem precisa dizer que esse tipo de comida é, justamente, a última
coisa que alguém que fica o dia inteiro sentado deveria comer. O ideal é
desenvolver práticas para estimular o cérebro que não envolvam comida. Praticar
uma atividade física, ter um hobby, etc., ajuda muito. Ou, pelo menos,
substituir os doces por frutas, elas são igualmente coloridas, mas muito mais
saudáveis!
Açúcar, gordura e carboidrato! Essa é, por excelência a escolha
alimentar de 10 entre 10 pessoas com algum tipo de carência afetiva. Pessoas
carentes se sentem sem energia, sem motivação para a vida. Aí, entra em cena
alimentos como o chocolate ou uma boa massa. É que a energia que essas pessoas
precisam pode, aparentemente, ser encontrada em comidas calóricas. Mas, o fato
é que para quem está carente, o tão desejado estímulo para viver costuma vir
associado ao fato de se sentir amado, desejado, reconhecido e solicitado. Dessa
forma, uma necessidade afetiva acaba sendo encoberta por uma solução alimentar.
O que, obviamente, não dará os resultados desejados!
Como superar isso? Trabalhar a auto-estima! Quem ama e valoriza a si
mesmo não depende da aceitação dos outros para viver a própria vida. Se é
difícil fazer isso sozinho procure ajuda profissional.
Seja qual for a sua escolha alimentar, procure diversificá-la. A relação saudável com a comida é aquela que é
tão diversa quanto a variedade de alimentos que existem no mundo. Quando
experimentamos diferentes alimentos – exercitando nossa capacidade de adaptação
e apreciação de sabores, cores e texturas, estimulamos o nosso cérebro. Cada
nova informação gustativa que adquirimos contribui para criar novas conexões
neuronais em nosso cérebro. Com isso, nossa experiência sensorial se amplia,
renovando nossa capacidade de aprendizagem e de memória. Quando presenteamos nossos
sentidos com toda a diversidade de estímulos que há no mundo dos alimentos,
rompemos padrões estanques na nossa forma de pensar, agir e sentir. Alteramos,
portanto, nossa percepção do mundo e de nós mesmos.
Afinal, o ato de comer deve oferecer
prazer e satisfação tanto para o corpo quanto para a mente!
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